
com a luz pequenina que na noite escura ilumina de forma Divina
.
chamo-lhes com nomes a todas as palavras
indiferentemente
se são esguias ou mais que magras
chamo-lhes com todas as letras
altas e baixas
de estrutura seca ou mesmo molhada
ainda a acabar mesmo no fim de cada uma
cedo-lhes os acentos de rebordos largos
para que neles se governem
entre os folhos ou os trapos
mas que se deitem todas
na mesma espuma branca
em que a massa
rebola depois de seca ...........com tinta se desenha
chamo-lhes com nomes a todas as palavras
leves aromáticas mesmo que maceradas
a deitar líquido fermente
de fermentação
chamo-lhes com nomes todas elas descalças
depois cada um se as quiser
que as calce e lhes molhe a aba
rebole com elas e se deixe estar
se vier alguém se misture ou largue
mas não me venham com coisas ............essas de estranhar
porque elas já cá estavam antes de chegar
com elas nos deitamos e com elas nos levantamos
sempre dentro da boca
esteja ela aberta ou fechada
chamo-lhes com nomes
e mais nada
Inez Andrade Paes in Da Estrada Vermelha
2011 e a escravatura.
Quantas crianças estarão escondidas em mundos impossíveis.
menino
passa-te nas costas ......uma haste
apontada ao céu
de enxada em mãos tão pequenas
cavas a terra vermelha
quem te obriga meu menino
quem te obriga e passa por ti sem te ver
brincas e lamentas
com insectos
que aparecem no revolver do chão
de poeira
ficam
as cores fortes da Gala gala
e o azul que o Madindi traz do céu
quando vem beber as tuas gotas de suor
quem te obriga
menino
repousa agora
para a noite de esperança
mão generosa te pegue ......te leve embora
Inez Andrade Paes
Lorraine Hunt - Lieberson at Ravinia. Baghdad Cafe: Calling You
- se eu tivesse as asas que me caíram ontem? - choramingava o Gato-preto do muro - - se tu tivesses as asas que te caíram ontem Gato? As laranjas cairiam ao chão. - respondiam as Rolas-turcas -
- se eu tivesse as asas de ontem? - repetia-se o Gato-preto -
- se tu tivesses as asas de ontem, voaríamos até ao alto daquele telhado. - respondiam as Rolas-turcas -
- Se as asas me tivessem querido até hoje? - continuava o Gato-preto -
- não estaríamos aqui Gato. Porque do alto do telhado te avistaríamos como o Gavião avista a mais pequenina ave. - respondiam as Rolas-turcas -
- ajudem-me aqui a chegar até esse ramo. - pedia o Gato-preto -
- não podemos Gato, o teu corpo é mais pesado que o nosso e cairíamos os três ao chão e nossas cabeças seriam um batuque para todas estas laranjas que aqui estão. - respondiam as Rolas-turcas -
- resta-me aqui ficar a olhar-vos, belas Rolas. - suspirava o Gato-preto
- serás então nosso espelho, Gato. Com esse teu belo e negro brilhante pelo. - respiraram fundo as Rolas-turcas -
Inez Andrade Paes