quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Este Setembro



farias hoje muitos anos Pai, mais anos do que o velho Cedro
que fala com a Lua
que fala com o Sol
faz estremecer de susto quem por baixo dele passa
porque se abraça e geme

lembras-te daquela árvore
é um Cedro não igual aos outros
em cada ramo pássaros baloiçam e dormem em noites agitadas de vento

é um Cedro

o vizinho não gosta de árvores

lembras-te daquela árvore
é um Cedro ficou sem braços do lado esquerdo
são côtos espetados como lanças do lado esquerdo
como escadas
ainda se sobe enquanto a seiva passa
é um Cedro
que plantaste vindo de Melgaço

Pai
tenho dois pequeninos que apanhei e guardei em meu regaço

levo-os comigo para a casa grande
onde não há vizinho
onde é ainda campo
onde o vento sopra nos ramos
onde o Sol seca a humidade da noite


Inez Andrade Paes

3 comentários:

  1. TEU POEMA é LINDO, Inez

    estás à altura das responsabilidades que herdaste

    não sei por quê, meus comentários não chegam aí

    beijinho

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  2. Este Cedro, é como o Pinheiro da Coroa onde Platero gostava de olhar o céu através da sua copa, esta talvez mais alta mas também larga.
    Obrigada beijo grande e amigo

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  3. tenho um poeminha de hoje em
    "serpente emplumada"

    espero que gostes
    beijinho

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