sábado, 26 de maio de 2012


                           "em memória de tudo em que estás vivo"


não vi o velho homem que ali costuma estar a vender velas, dois pedaços de cera restavam ainda no fundo dos candeeiros, um de cada lado, e a abelha que ali sempre está quando vos visito


acendi os dois bocados de cera, a abelha pousou na pedra

uma luz para ti Mãe, outra luz para ti Pai


luzes trémulas ainda quando parti

limpei as folhas secas e as rosas soltas de pétalas

a abelha fez-me correr e dar uma gargalhada, veio atrás de mim e das rosas que levava


agora já não me custa ali ir, mesmo que daquele lugar nada seja vosso ser

a abelha guarda-vos

Inez Andrade Paes



segunda-feira, 14 de maio de 2012




ainda na enseada menos brava

as escarpas
os gritos são teus e das aves de asas largas
a liberdade cresce como o vento que te sopra e larga
são ângulos de preparação e partida
acesas as luzes das estrelas
dorme agora repousa ainda
porque das tuas mãos a música

Inez Andrade Paes


terça-feira, 8 de maio de 2012

Florestas Moçambicanas

PLANTAI ÁRVORES

Plantai árvores, camaradas
Sobre o solo nacional,
Fazei mais famoso ainda
Este lindo Moçambique
País que eu quisera ver
Fecundo, infinito
Grande, como foi outrora
Como pode ser ainda

Plantai árvores, camaradas
Enraizai-as no chão
O vosso esforço isolado
De pouco pode valer
Mas os poucos fazem muito
E amar a Pátria é dever

Não é patriota apenas
Quem, com armas na mão
Contra os agressores estranhos
A Pátria defende
NÃO!
Também é bom Revolucionário
O honrado trabalhador
Que o solo Pátrio amado
Fecunda com o seu suor

É patriota igualmente
Quem a terra fertiliza
Quem as plantas prende à terra
Quem à terra as enraíza.

A árvore amiga e boa
É do homem companheira
Dá-lhe sombra que refresca
A lenha, o fruto, a madeira.

Manuel Gondola in "Poesia de combate" LITERATURA NOVA
Publicações Nova Aurora - Lisboa,1974 pag,32