sábado, 19 de setembro de 2015

segunda-feira, 14 de setembro de 2015


Na altura tinha uma carrinha 4L e era dela que fazia a minha casa, andava de uma feira a outra a vender o que produzia em arte. E assim vivi alguns anos.
A cassete de Youssou Ndour tocava e voltava a tocar Salimata enquanto conduzia ou parada. Uma das vezes parada na berma da estrada e com o mapa aberto para ver onde ficava a estrada que procurava, Youssou gritava e eu dançava parada. Chegou uma brigada de trânsito que sorrindo perguntaram, não o que fazia mas o que o meu gravador tocava.
Não dançámos porque não creio ficasse bem para eles, mas ajudaram-me a encontrar a estrada e ainda me guiaram durante os primeiros quilómetros. Ambos tinham estado em África.

Assim Salimata de Youssou Ndour. 
https://www.youtube.com/watch?v=3SP27bnUWJk  

Dedico esta memória a meu Pai que faria hoje 91 anos e que dançaria comigo com agrado e muito ânimo.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015


A FUGA

quando imagens degolam-nos os sentidos
há forças maiores a obrigar-nos as mãos
são vidas pequenas nas serenas vagas
mortas de uma fuga sem pátria
de uma mão de terror

olhem homens
que se perdem a contar
há vidas a ser batidas nas costas
desta ilusão
que seria a luz destas almas crédulas
e agora são o chão que as enterrarão

virem as mãos ao céu comigo
estão luzes ali a ver-nos a acenar
são grupos de anjos
guiam
estas almas a chegar

será assim inútil os governos
trabalharem para salvar
tantos homens que fogem da morte?


Vou escrever este poema no Natal
quantos meninos poderão repousar nestas palhinhas de água?
há conchas nos umbrais destes estábulos
e a figura de Ichthys torna-se real

Inez Andrade Paes