quarta-feira, 19 de outubro de 2011

HOMENS orthos

 

 

 

 

 

 

 

 .

chamo-lhes com nomes a todas as palavras

indiferentemente

se são esguias ou mais que magras

 

chamo-lhes com todas as letras

altas e baixas

de estrutura seca ou mesmo molhada

ainda a acabar mesmo no fim de cada uma

cedo-lhes os acentos de rebordos largos

para que neles se governem

entre os folhos ou os trapos

mas que se deitem todas

na mesma espuma branca

em que a massa

rebola depois de seca ...........com tinta se desenha

 

chamo-lhes com nomes a todas as palavras

leves aromáticas mesmo que maceradas

a deitar líquido fermente

de fermentação

 

chamo-lhes com nomes todas elas descalças

depois cada um se as quiser

que as calce e lhes molhe a aba

rebole com elas e se deixe estar

 

se vier alguém se misture ou largue

 

mas não me venham com coisas ............essas de estranhar

porque elas já cá estavam antes de chegar

 

com elas nos deitamos e com elas nos levantamos

sempre dentro da boca

esteja ela aberta ou fechada

chamo-lhes com nomes

e mais nada

 

Inez Andrade Paes in Da Estrada Vermelha


domingo, 16 de outubro de 2011

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Todos os dias

2011 e a escravatura.
Quantas crianças estarão escondidas em mundos impossíveis.


menino
passa-te nas costas ......uma haste
apontada ao céu
de enxada em mãos tão pequenas
cavas a terra vermelha

quem te obriga meu menino
quem te obriga e passa por ti sem te ver

brincas e lamentas
com insectos
que aparecem no revolver do chão
de poeira

ficam
as cores fortes da Gala gala
e o azul que o Madindi traz do céu
quando vem beber as tuas gotas de suor

quem te obriga

menino
repousa agora
para a noite de esperança

mão generosa te pegue ......te leve embora

Inez Andrade Paes

domingo, 2 de outubro de 2011