O meu anjinho de metal, tombou para a esquerda - é ele o que se encosta no meu ombro direito - tombou com o vibrar do despertador que para ele e para mim tocaram cedo demais. Estávamos exaustos na partilha dos pensamentos da noite anterior. Ele tem uma madeixa que lhe cobre parte do rosto, uma madeixa quase de prata em cara de anjo. Cai muitas vezes este. Deixa-me leve mas de tristeza no rosto, porque o outro o do lado esquerdo deve estar de férias. Outro dia vi-o a passar no corredor de vestido aos malmequeres brancos. Cada pétala que caía no chão brilhava como gambiarra acesa em noites de Natal americano. Uma a uma uni-as todas e pousei no meu ombro direito a ver se vinha. Ando agora de gambiarra americana pousada no ombro a estrelar feita stand de automóveis em estrada nacional. Preciso dele e ele anda sempre ausente ultimamente.
Resta-me este o que se encosta no meu ombro direito e me desequilibra, já pensei comprar uma cesta grande onde o carregue no meio das costas presa com um cinturão largo que me apanhe metade da testa e me repuxe as rugas e as sobrancelhas a deixar um ar altivo . Sei que nesse sentido o nosso pensamento não vai ser o mesmo. O sulco entre o meu pescoço e o ombro está fofo demais e o hábito já é antigo. Ele até já veio de outro continente comigo.
Vou deixar a gambiarra em cima da cama. Talvez de noite ele venha e se instale no sulco do lado esquerdo e durma comigo no calor da cama agora que o Outono chegou.
Resta-me este o que se encosta no meu ombro direito e me desequilibra, já pensei comprar uma cesta grande onde o carregue no meio das costas presa com um cinturão largo que me apanhe metade da testa e me repuxe as rugas e as sobrancelhas a deixar um ar altivo . Sei que nesse sentido o nosso pensamento não vai ser o mesmo. O sulco entre o meu pescoço e o ombro está fofo demais e o hábito já é antigo. Ele até já veio de outro continente comigo.
Vou deixar a gambiarra em cima da cama. Talvez de noite ele venha e se instale no sulco do lado esquerdo e durma comigo no calor da cama agora que o Outono chegou.
Inez Andrade Paes
Escrevi um comentário que se perdeu. Nada posso repetir porque só escrevo uma vez e logo que sinto... Mas sei que o vestido de malmequeres vai regressar transformado em vestido de rosa vermelha presa no ombro...E o sol voltará a brilhar num olhar que agora só reflete luar...Beijinhos Fernanda
ResponderEliminarVou-me guiando com a luz do luar.
ResponderEliminarBeijo grato pelas sempre belas palavras que me dedica.
Inez
Vou adicionar aos meus favoritos.
ResponderEliminarBeijinhos
erml
Beijos e obrigada.
ResponderEliminarAmbas em boa companhia.