não é o sol que te tira a luz
não são as escamas dos peixes que chegam à praia
que te cortam os pés
são as palavras
as palavras que não sabes escrever
com as letras que te ensinaram a dizer
o teu nome
o teu verdadeiro nome
não és Americano
não és Italiano
não és Brasileiro
não és Chinês
és Moçambicano Makonde
de tez negra avermelhada e cortada no passado
marcando assim a pele para que não te escolhessem
Não temas a origem
escreve o teu nome assim
como o nome de um guerreiro mesmo que já esteja morto
dali levarás toda a sua dignidade humana
Shonde Unaiti Kulupila Ndaudya
Inez Andrade Paes
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Nomes Makondes que por
causa da colonização Portuguesa tiveram obrigatoriamente de ser misturados com nomes
Portugueses, tirando-lhes a essência.
Hoje - Moçambique
Independente - os mesmos nomes são desprezados porque em vez deles e com o
brilho do dólar é mais interessante ser John.Shonde – Piedade
Unaiti – Independência
Kulupila – EsperançaNdaudya – Regressar
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Porque hoje me lembro de si, Augusto Chilavi
[…]
Mas
continuando a falar de escultura, em Pemba no Alto Gingone vive um dos maiores Escultores Moçambicanos e creio
que muito pouca gente o sabe.
Chama-se Augusto Chilavi. Uma da peças esculpidas por ele foi um cálice, da Missa
que o Papa celebrou quando esteve em Moçambique. Tive o prazer de estar com este Senhor , e
no espaço em que muitas vezes estive em pequenina... sua casa.
A grande mangueira onde brinquei com outras
crianças ainda lá estava, apesar de termos falado de que muitas outras árvores
tivessem sido arrancadas com falta de senso, para dar lugar à estrada que rasga
agora desde o aeroporto até ao Wimbe. Um aspecto focado por ele e bem marcado
sendo ele pessoa que tão bem as conhece, quando as suas mãos durante tantos anos
pegaram em madeiras tão nobres e deram novas formas umas tão sofridas outras
tão belas, sobrepondo-se ao próprio sofrimento natural das árvores..
..Aprendi com o meu Pai que quando se faz qualquer tipo de construção não devemos abater árvore alguma se não for estritamente necessário. Aqui neste canto da Europa, arrasa-se primeiro e pensa-se depois...
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Inez Andrade Paes, Pemba 2005
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