sábado, 27 de outubro de 2012

sábado, 20 de outubro de 2012

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Sem imagem


descem mensageiros
quando me paro no pensamento

há luz no chão
quando os meus olhos lobrigam
alguma migalha
pousada entre os meus dedos do pé

logo ao lado a solidão de um insecto
que carrega a outra migalha

são cargas pesadas
a minha
e a outra

olho para o céu
e vejo clara a manhã
mas tenho uma pena imensa
quando olho para o lado
e vejo a fraca malícia de tentação vã

vem ao meu encontro e descansa essa alma cansada
não te esqueças que ontem estava escuro
hoje a manhã é límpida e a migalha está carregada

Inez Andrade Paes

domingo, 7 de outubro de 2012

Ó da Régua


de musica se envolvia
brilhava com os instrumentos
bandas grandes
em Concertos domingueiros

um Coreto
um Coreto todo em ferro
de varandins trabalhados
agora enferrujados
porque de abandono se apresenta
este espaço altaneiro

abandonado
a voz emudecida que um dia foi ouvida

através das crianças enroladas nos ferros
em brincadeiras e danças
nas horas de maior silêncio
quando as mães descansavam sentadas a olhar para os filhos
pensando neles maestros ou músicos ou engenheiros

(e quem preservaria o Coreto?)

que ali as unia nas tardes quentes
onde os músicos afinavam sons agudos    sons graves
ajudados ali perto pelos melros

hoje
resta o coitado
do Coreto
para ser olhado
desprezado
enferrujado
à espera que alguém venha
lhe dê um banho de areia
enquanto a ferrugem
não lhe leve toda a liga

Ó da Régua
que é da música?


Inez Andrade Paes

terça-feira, 2 de outubro de 2012