A FUGA
quando imagens degolam-nos os sentidos
há forças maiores a obrigar-nos as mãos
são vidas pequenas nas serenas vagas
mortas de uma fuga sem pátria
de uma mão de terror
olhem homens
que se perdem a contar
há vidas a ser batidas nas costas
desta ilusão
que seria a luz destas almas crédulas
e agora são o chão que as enterrarão
virem as mãos ao céu comigo
estão luzes ali a ver-nos a acenar
são grupos de anjos
guiam
estas almas a chegar
será assim inútil os governos
trabalharem para salvar
tantos homens que fogem da morte?
Vou escrever este poema no Natal
quantos meninos poderão repousar nestas palhinhas de água?
há conchas nos umbrais destes estábulos
e a figura de
Ichthys torna-se
real
Inez Andrade Paes