quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
sábado, 10 de dezembro de 2011
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Em memória de D.Naílde
terça-feira, 29 de novembro de 2011
Essência de nuances
domingo, 27 de novembro de 2011
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
UM DIA ASSIM
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
HOMENS orthos
.
chamo-lhes com nomes a todas as palavras
indiferentemente
se são esguias ou mais que magras
chamo-lhes com todas as letras
altas e baixas
de estrutura seca ou mesmo molhada
ainda a acabar mesmo no fim de cada uma
cedo-lhes os acentos de rebordos largos
para que neles se governem
entre os folhos ou os trapos
mas que se deitem todas
na mesma espuma branca
em que a massa
rebola depois de seca ...........com tinta se desenha
chamo-lhes com nomes a todas as palavras
leves aromáticas mesmo que maceradas
a deitar líquido fermente
de fermentação
chamo-lhes com nomes todas elas descalças
depois cada um se as quiser
que as calce e lhes molhe a aba
rebole com elas e se deixe estar
se vier alguém se misture ou largue
mas não me venham com coisas ............essas de estranhar
porque elas já cá estavam antes de chegar
com elas nos deitamos e com elas nos levantamos
sempre dentro da boca
esteja ela aberta ou fechada
chamo-lhes com nomes
e mais nada
Inez Andrade Paes in Da Estrada Vermelha
domingo, 16 de outubro de 2011
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
Todos os dias
2011 e a escravatura.
Quantas crianças estarão escondidas em mundos impossíveis.
menino
passa-te nas costas ......uma haste
apontada ao céu
de enxada em mãos tão pequenas
cavas a terra vermelha
quem te obriga meu menino
quem te obriga e passa por ti sem te ver
brincas e lamentas
com insectos
que aparecem no revolver do chão
de poeira
ficam
as cores fortes da Gala gala
e o azul que o Madindi traz do céu
quando vem beber as tuas gotas de suor
quem te obriga
menino
repousa agora
para a noite de esperança
mão generosa te pegue ......te leve embora
Inez Andrade Paes
domingo, 2 de outubro de 2011
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Este Setembro
farias hoje muitos anos Pai, mais anos do que o velho Cedro
que fala com a Lua
que fala com o Sol
faz estremecer de susto quem por baixo dele passa
porque se abraça e geme
lembras-te daquela árvore
é um Cedro não igual aos outros
em cada ramo pássaros baloiçam e dormem em noites agitadas de vento
é um Cedro
o vizinho não gosta de árvores
lembras-te daquela árvore
é um Cedro ficou sem braços do lado esquerdo
são côtos espetados como lanças do lado esquerdo
como escadas
ainda se sobe enquanto a seiva passa
é um Cedro
que plantaste vindo de Melgaço
Pai
tenho dois pequeninos que apanhei e guardei em meu regaço
levo-os comigo para a casa grande
onde não há vizinho
onde é ainda campo
onde o vento sopra nos ramos
onde o Sol seca a humidade da noite
Inez Andrade Paes
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
Às Escadarias de Pemba
esse passo lento com que sobes as escadas
em cada passo
no que de curto o olhar é pensamento
distante e raro mas de beleza constante
em que a particularidade do sonho
é desembainhado
quando o moscardo passa
no calor da subida em que cada degrau é um fardo
em cada passo uma memória
e a mulher na descida faz chegar ao rosto suado
vento breve mas certeiro
de que pedras raras são
esses degraus largos e compridos
de que pedras raras são
olha para trás
vê a buganvília
ainda te recebe na descida
Inez Andrade Paes
sábado, 13 de agosto de 2011
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
quarta-feira, 13 de julho de 2011
Vento II
sábado, 9 de julho de 2011
terça-feira, 21 de junho de 2011
Homenagem a Glória de Sant'Anna
quinta-feira, 9 de junho de 2011
PARA TODOS OS MELROS EM LIBERDADE
meu canto
se desnuda em breves pausas
para que de ti se oiça
esse assobio altivo
Inez Andrade Paes
Caça aos Melros
quinta-feira, 2 de junho de 2011
CASA
ergo o olhar para o chão de terra
morna infância a tocar nos muros com formigas
em redor a ausência das vozes
no entanto danço
raspo os dedos na cal branca
de meus pés um traço em arco
na terra perfurada de breve chuva
um laço trouxe como amuleto
albergo-o no golpe do peito
esperando abri-lo no mar
quando mergulhar
tenho saudade de ti
do teu amparo
Inez Andrade Paes
sexta-feira, 27 de maio de 2011
Poema
...e Virgílio de Lemos oferece-me este "...branco silêncio da palavra..."
"Na vertigem de um vôo talvez acessível nos seja a beleza
nunca o infinito nem o eterno
quer sob a chuva a tempestade o sol
a brancura de uma luz que emerge imaterial e nua
solidária de uma alma de sangue.
Na Válega se escuta a voz de uma mulher e de sua poesia.
Grãos de sal de tua bôca, arco-íris de teu coração
Inez
o branco silêncio da palavra acontece."
Virgílio de Lemos
26 de Maio de 2011 - Les Moutiers en Retz
quinta-feira, 26 de maio de 2011
Linho
quinta-feira, 19 de maio de 2011
menina não chora
aquela árvore só está a apanhar ar nos pés
gotas fortes
quase a cair dos olhos
de nó na garganta apontava o dedo àquele tronco tombado que faria mais de trinta passos ao comprido
e mais de quatro na largura
deitou-se de costas sobre ele e de braços abertos ao céu falou com a árvore, de cabeça de lado
rosto a bater na casca para a ouvir melhor
tinha sido plantada pelo vento quando a semente voou
voou e só ali parou
todos os anos por ali passavam - um velho, um macaco e um elefante -
o velho recostava-se na parte mais macia da base do tronco a descansar da caminhada
o macaco subia ao galho mais alto para ver quem vinha e quem não vinha
o elefante comia muitas folhas e coçava o traseiro enquanto falava com a árvore e lhe dizia que seguia caminho para procurar água
a menina ouviu todas as histórias que a árvore tinha e adormeceu
quando acordou o velho o macaco e o elefante parados como estátuas não deixavam ver a luz do sol que por trás aquecia
a menina tremia
não tenhas medo diz o velho
não tenhas medo diz o macaco
não tenhas medo diz o elefante eu desvio-me do sol e ficas quentinha
menina não chora
esta árvore só está a dormir
ela já não dorme mais
contou-me os seus dias e pediu-me que a levasse esculpida em barco para o pé da outra árvore do lado de lá da Baía
hoje
os ventos sopram, ouvem-se as duas árvores a falar
quando as ondas batem abraçam-se no movimento de cada onda
o velho, o elefante, o macaco e a menina estão também do outro lado da baía
com as árvores e um coelho que vive numa das raízes
se lá formos eles contam-nos o resto das histórias
Inez Andrade Paes
terça-feira, 10 de maio de 2011
Conjuntivite
terça-feira, 3 de maio de 2011
Sem imagem
Sim, a moral da vida - temos nós curso superior - e nem sabem o particípio passado dos verbos, ser, estar, morto; ter ou haver, matado e nem mesmo neste erro reparado reflectem na palavra que é tão forte e se pondere nela. Morte.
Esta, por escalpelização ainda vivo. O Animal. Ainda vivo.
Reparem na indignação da prática do troféu em forma de escalpe, que os Índios Americanos praticavam.
O que será agora destes escalpelizadores e matadores contratados? Por quem? Por que empresas? Por que países? Por que governos que nos representam?
Perguntam: - e o que iremos comer - rapidamente lhes responderia se a má criação fosse o meu forte.
Peço pois a vossa atenção senhores que nos regem e nos representam e com desenvoltura se preparam para os vossos discursos nos parlamentos vários, já que somos uma Europa Unida, a ver se se safam das maleitas deixadas ao povo pela vossa gerência económica. Peço-vos:
- Olhem por estas vidas que estão a olhar pelas vossas.
A minha luta é só uma: A vida.
A quem lhe foi dada, não lhe pode ser negada, todo o ser que se move, liberta.
Vida.
Inez Andrade Paes
sexta-feira, 22 de abril de 2011
sexta-feira, 25 de março de 2011
ANJOS QUE ESPERAM
depois da morte
somos a mão que dependerá
da pausa para o pensamento
somos anjos de azul celestial
de nossos véus pousados no rio
virão barcas
com faces voltadas umas contra as outras
e enfim elas não sabem nada
e enfim elas acreditarão
na luz eterna
somos anjos dos que estão
depois da morte
Inez Andrade Paes
Acordei com a lembrança da voz de Yma Sumac. Este pássaro de olhos rasgados e voz singular permanece no imaginário. Grande a voar sobre as planícies com montanhas em volta.
Chuncho é exemplo.
sexta-feira, 18 de março de 2011
PAREDES ABERTAS AO CÉU
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
"Retrato do Poeta"
Lorraine Hunt - Lieberson at Ravinia. Baghdad Cafe: Calling You
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
GAVIÃO
de desprezo absoluto
ou indignação? .......és um jovem caçador
das aves de rapina o mais rápido
nos espaços exíguos das moitas
sai de lá com sua presa
na particularidade com que depenas a ave pequenina
brevemente páras e olhas em redor
com teus olhos de sobrolho em riste
grande em cabeça pequena
qualquer outra ave ..........de. pena
desaparece com tua presença
a não ser a da tua espécie que te cobiça a presa
deste teu olhar Gavião
quanta liberdade poderás viver ainda
?
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Trocando palavras
A imprensa tornou-se livre e conquistou sua legítima liberdade."
Inez Andrade Paes e Virgílio de Lemos, esta noite de 11 de Fevereiro entre as dunas da Bretanha do Sul e a Quinta entre braços de Ria.
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
O GATO-PRETO E AS ROLAS-TURCAS DA LARANJEIRA
- se eu tivesse as asas que me caíram ontem? - choramingava o Gato-preto do muro - - se tu tivesses as asas que te caíram ontem Gato? As laranjas cairiam ao chão. - respondiam as Rolas-turcas - - se eu tivesse as asas de ontem? - repetia-se o Gato-preto - - se tu tivesses as asas de ontem, voaríamos até ao alto daquele telhado. - respondiam as Rolas-turcas - - Se as asas me tivessem querido até hoje? - continuava o Gato-preto - - não estaríamos aqui Gato. Porque do alto do telhado te avistaríamos como o Gavião avista a mais pequenina ave. - respondiam as Rolas-turcas - - ajudem-me aqui a chegar até esse ramo. - pedia o Gato-preto - - não podemos Gato, o teu corpo é mais pesado que o nosso e cairíamos os três ao chão e nossas cabeças seriam um batuque para todas estas laranjas que aqui estão. - respondiam as Rolas-turcas - - resta-me aqui ficar a olhar-vos, belas Rolas. - suspirava o Gato-preto - serás então nosso espelho, Gato. Com esse teu belo e negro brilhante pelo. - respiraram fundo as Rolas-turcas - Inez Andrade Paes