sabes quando choras
e o silêncio está dentro sem lágrimas ?
sabes quando morrem as árvores
e não podes fazer nada
e não tens posse de vida porque ela não te foi dada?
a não ser que as sabias ali e as vias de mãos sempre dadas
sou agora assim como mutilada
de uma assombração inúmera desagregada à volta do pescoço
com duas mãos apertadas
sabes quando choras
entre um pecado
uma fúria de raiva que não era precisa porque o tempo
que estava
não o vias
passava sem o teres de perto
sou agora assim
presa com os nós dos dedos
ao chão
onde tuas hastes e braços tombaram
sabes
?
leva-me agora
não olho pro céu
fico calada
Inez Andrade Paes
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