do
que do tempo limite
de
reflexão
nos
impeça de amar
seja
talvez a ânsia
da
visão clara
de
que a pequena vaga que lá vem
se
transforme em onda
e
não ter o tempo necessário
para
passar para lá
como
o barco que corta a onda
e
se transporta para o mar largo
libertando-se
nas auras da plácida ausência meditativa
saber
ouvir
o silêncio
e
poder amar
a
sua ausência
transfere
para o corpo
a
desigualdade do estado
capaz
da percepção
o
perigo é
a
transformação de seres ausentes
sem
limite
porque
não podem amar
( esqueço-me
do corpo
que dança
em si mesmo
molda-se
conforme o espaço
o
pensamento
a dor que
provoca
é um pé
descalço a raspar
na rocha
acabada de partir
lembra-me
por favor
de que a
manhã ilumina as partes mais veladas
e tudo
ainda é ritmo
uma noite
só ainda só
dentro do
corpo adormecido ao fundo da
casa )
Inez
Andrade Paes
Poema publicado na Revista Reis n.º 54, Ovar - 2020
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