segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Flaventia a flor


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

domingo, 10 de janeiro de 2016

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016



CHOPIN

mesmo ao pé do veio
uma brisa
na árvore que se mantém direita
 
a seiva cresce como uma flor         que seca
formada de dor
do interior
mais novo
da árvore
 
o sol toca-a
e em anéis de luz

o amor

Inez Andrade Paes

sábado, 19 de dezembro de 2015

Dança


esguias    mãos
segredam aos ventos        movimento

escorrem rios
até
pequenos baixios

enterram macias areias
e
soltam com elas

perfis esguios
 
acesa energia
gutural metade
do corpo parado
no movimento intacto

Inez Andrade Paes in Da Estrada Vermelha, 2015, p 61

domingo, 22 de novembro de 2015

ténue luz


    A fotografia é para, Anouar Brahem

    https://www.youtube.com/watch?v=SavP_Oz1X4k

quarta-feira, 4 de novembro de 2015


POEMA 20

quando a garganta seca
na palavra áspera
dita com certeza
por um momento claro

envolvo o corpo em concha
e medito
no espaço
entre a palavra dita
e a ferida aberta

com a garganta seca
e a boca fechada

Inez Andrade Paes in Paredes Abertas ao Céu, p.67 - 2010 edição de autor 

quarta-feira, 21 de outubro de 2015


Mahler 5ª Sinfonia

Adagietto

um corpo ausente
a cara quase           breve sorriso

o sobrolho encerra em dor
e volta
a arquear sem um músculo que o faça mover

Inez Andrade Paes

https://www.youtube.com/watch?v=15WQNKhaCHY

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

 
       Cosmos bipinnatus

sábado, 19 de setembro de 2015

segunda-feira, 14 de setembro de 2015


Na altura tinha uma carrinha 4L e era dela que fazia a minha casa, andava de uma feira a outra a vender o que produzia em arte. E assim vivi alguns anos.
A cassete de Youssou Ndour tocava e voltava a tocar Salimata enquanto conduzia ou parada. Uma das vezes parada na berma da estrada e com o mapa aberto para ver onde ficava a estrada que procurava, Youssou gritava e eu dançava parada. Chegou uma brigada de trânsito que sorrindo perguntaram, não o que fazia mas o que o meu gravador tocava.
Não dançámos porque não creio ficasse bem para eles, mas ajudaram-me a encontrar a estrada e ainda me guiaram durante os primeiros quilómetros. Ambos tinham estado em África.

Assim Salimata de Youssou Ndour. 
https://www.youtube.com/watch?v=3SP27bnUWJk  

Dedico esta memória a meu Pai que faria hoje 91 anos e que dançaria comigo com agrado e muito ânimo.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015


A FUGA

quando imagens degolam-nos os sentidos
há forças maiores a obrigar-nos as mãos
são vidas pequenas nas serenas vagas
mortas de uma fuga sem pátria
de uma mão de terror

olhem homens
que se perdem a contar
há vidas a ser batidas nas costas
desta ilusão
que seria a luz destas almas crédulas
e agora são o chão que as enterrarão

virem as mãos ao céu comigo
estão luzes ali a ver-nos a acenar
são grupos de anjos
guiam
estas almas a chegar

será assim inútil os governos
trabalharem para salvar
tantos homens que fogem da morte?


Vou escrever este poema no Natal
quantos meninos poderão repousar nestas palhinhas de água?
há conchas nos umbrais destes estábulos
e a figura de Ichthys torna-se real

Inez Andrade Paes

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

terça-feira, 11 de agosto de 2015

 
Por versos do livro DA VIDA CONCLUSA de Mário Herrero Valeiro, escrevo:
 
Que na calma do caminho abra pedras sobre as águas
canso-me logo a seguir porque a dor é a imagem
Não se tira a cruz marcada de um alto da montanha
porque lá se vai
se repara a parte mais gasta.
Limpa-se a dor também quando o pano passa.
Porque peregrinos são aqueles               os que por lá passam
e também o que de baixo do seu olhar lançam flores a murchar.
 
Este livro em que o negrume, todo ele se entrelaça entre a lua, a luz e o líquido mais terreno. Da água e da vinha esse mal que lhe trespassa
é a vida mais inteira que se abeira da poesia e da escrita, toda a letra que se abre para a Natureza.
Essa forte e indignada.
 
Mas de forte encanto na mão do Autor que Da Vida Conclusa.
 
 Inez Andrade Paes
 

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Aos jovens Makondes

não é o sol que te tira a luz
não são as escamas dos peixes que chegam à praia
que te cortam os pés
são as palavras
as palavras que não sabes escrever
com as letras que te ensinaram a dizer
o teu nome
o teu verdadeiro nome
não és Americano
não és Italiano
não és Brasileiro
não és Chinês
és Moçambicano
Makonde
de tez negra avermelhada e cortada no passado
marcando assim a pele para que não te escolhessem

Não temas a origem
escreve o teu nome assim
como o nome de um guerreiro mesmo que já esteja morto
dali levarás
toda a sua dignidade humana

Shonde     Unaiti     Kulupila      Ndaudya              

Inez Andrade Paes
::::

Nomes Makondes que por causa da colonização Portuguesa tiveram obrigatoriamente de ser misturados com nomes Portugueses, tirando-lhes a essência.
Hoje - Moçambique Independente - os mesmos nomes são desprezados porque em vez deles e com o brilho do dólar é mais interessante ser John.

Shonde – Piedade
Unaiti – Independência
Kulupila – Esperança
Ndaudya – Regressar

:::

Porque hoje me lembro de si, Augusto Chilavi

[…]
 Mas continuando a falar de escultura, em Pemba no Alto Gingone vive um dos maiores Escultores Moçambicanos e creio que muito pouca gente o sabe.

 Chama-se Augusto Chilavi. Uma da peças esculpidas por ele foi um cálice, da Missa que o Papa celebrou quando esteve em Moçambique.  Tive o prazer de estar com este Senhor , e no espaço em que muitas vezes estive em pequenina... sua casa.

 A grande mangueira onde brinquei com outras crianças ainda lá estava, apesar de termos falado de que muitas outras árvores tivessem sido arrancadas com falta de senso, para dar lugar à estrada que rasga agora desde o aeroporto até ao Wimbe. Um aspecto focado por ele e bem marcado sendo ele pessoa que tão bem as conhece, quando as suas mãos durante tantos anos pegaram em madeiras tão nobres e deram novas formas umas tão sofridas outras tão belas, sobrepondo-se ao próprio sofrimento natural das árvores..

..Aprendi com o meu Pai que quando se faz qualquer tipo de construção não devemos abater árvore alguma se não for estritamente necessário. Aqui neste canto da Europa, arrasa-se primeiro e pensa-se depois...
.
Inez Andrade Paes, Pemba 2005

sexta-feira, 17 de julho de 2015

quinta-feira, 2 de julho de 2015



uma mão chega
acarinha             mesmo do silêncio
e o olhar
do horizonte em fogo

Inez Andrade Paes

sexta-feira, 26 de junho de 2015

quinta-feira, 18 de junho de 2015



dói-me a marca do golpe

foi bárbaro
sem arma   sem cordel ou chicote
de mão tapada

a tua morte assim
cega-me as lágrimas

 
Hoje a morte chegou descalça assim sem mais nada entrou pela janela e sentou-se à mesa. Olhou para mim impávida e levou todo o chão de areia.

Que a serena, doce, morna areia que a morte levou com ela seja o caminho da tua eterna luz, querido amigo Paulinho Gentil
 
Inez Andrade Paes

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Pica pica


 

em volta não há silêncio no silêncio

as árvores arrefecem o vento

e as Pegas cortam o tempo
 
Inez Andrade Paes