A manhã é de Sol quente.
Aproximou-se da menina um homem alto - porque todos os homens são altos para a menina que ainda é pequena - aproximou-se e pisou num bocado de tecido encarnado. A menina puxou o tecido e pediu que o homem tirasse os pés de cima das Cerejas, mas ele só ali via um tecido encarnado.
- Quero comprar este tecido - apontando para o tecido encarnado -.
- O das Cerejas? Pergunta a menina.
- Sim o vermelho.
- Não é vermelho, é mais forte, vermelho três vezes forma-se em encarnado e se ficarmos a conversar um pouco mais de certeza ficará pálido vermelho porque o sol alimenta-se das cores dos meus tecidos.
- É por isso que os abanas?
- É por isso e porque assim ao longe quem passa os vê.
- Quero então um metro de Cerejas.
- Porque não leva também um metro de Mangas?
- Não, para as mangas já me chega este metro.
- Não digo de vermelho, digo um pouco deste que é quase vermelho mas ainda é laranja de Manga.
- Menina! Vamos lá a perceber, afinal o que é que eu levo?
- Não sei, leva o que quiser, mas se quiser a minha opinião, fazia as mangas a Mangas e o corpo a Cerejas.
- Então dê-me lá um quilo de cada.
E assim a menina vende os seus tecidos e convence todos os compradores a sonhar.
Inez Andrade Paes